sábado, 19 de junho de 2010

Moldura de uma solidão.

Sorria desesperadamente, corpos ao seu redor não faltavam. Canecas de cerveja todo final de semana, dentre elas, movimentava constantemente lábios e língua, como se o amor se escondesse em cada céu de boca que encontrasse. Nunca lhe faltava companhia na cama, mulheres em demasia pulavam no colo do seu ego, alimentando-o cada vez mais e envelhecendo, aposentando o espírito de juventude e caindo de vez no comodismo e dançando a rotina da vaidade. Todas as coisas que fazia em uma semana, costumavam repetir na próxima semana. A alma estava sempre empoeirada, coberta com restos sujos das outras, compunha assim um amor fragmentado, como gostaria de juntar os lábios de Camila com os seios de Luiza. Nas raras noites que dormia sozinho, deitado de lado desenhava na parede branca com a ponta do indicador a mulher perfeita com os pedaços preferidos de cada uma, e assim dormia ao lado do retrato da mulher amada.