sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Respirando...

A minha crônica arqueja depois de pronta, uma mulher satisfeita com seu orgasmo. Sorri levemente com o canto da boca. Sujeito, verbos e objetos estão em perfeita harmonia. O verbo acalma o sujeito que não consegue se desprender do seu objeto. Este vítima da guerra entre transitivos e intransitivos. Delimitados e definidos os sujeitos rezam através de orações compostas. O ponto alto da pequena narrativa, pensamento de um personagem onírico que, tanto quanto o autor, é descontente com seus amores.
As palavras já estão traçadas no papel, a mensagem já foi enviada; o problema agora é de quem não ler. Eu já as tirei do meu âmago e coloquei-as na alma limpa e pura que corresponde a uma página em branco. E só pra constar, um brinde à ela! À beleza excelsa daquela que pode ser moldada, transformada. As palavras perfuram uma página e ela nem sequer sente dor, ao menos uma lágrima seria bom, mas isso borraria a tinta da minha pena. Há palavras que parecem não pertencer a essa folha, pertubadas não respiram em sincronia com as outras, um leve risco por cima e elas se acalmam, sabem que não são utéis aqui. Elevo a folha mais alto que eu, ponho-a sobre a luz fraca do meu lampadário, parece um céu cravejado de estrelas, é isso que elas são: estrelas. Com um brilho infinito, iluminando a todos, até mesmo aqueles que não se dão ao luxo de parar por um segundo e observar sua sublimidade.